segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Movimentos sociais pela suspensão do leilão de Libra: “atentado à soberania e ao desenvolvimento nacional”

“Espionagem norte-americana sobre a Petrobrás transformou o leilão de petróleo em jogo de carta marcada”

Escrito por: Leonardo Wexell Severo

“Hoje meus compatriotas
vim levantar minha voz
contra a grande safadeza
que querem fazer com nós
privatizar nosso óleo
levar o nosso petróleo
e entregar pros cowboys”

A plenária nacional dos movimentos sociais e sindicais, realizada nesta sexta-feira (13), em São Paulo, definiu uma agenda de mobilizações para “barrar a entrega do campo de Libra, no pré-sal, a preço de banana às multinacionais”. Sejam elas estadunidenses ou chinesas.
Movimentos sindicais e sociais em defesa do Brasil:
Movimentos sindicais e sociais em defesa do Brasil:
No evento, lideranças da CUT, CGTB, CTB, FUP (Federação Única dos Petroleiros), MST (Movimentos dos Trabalhadores sem Terra), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), e de inúmeras entidades populares qualificaram o leilão - marcado pela Agência “Nacional”do Petróleo (ANP)para o dia 21 de outubro -  como “crime de lesa-Pátria” e sublinharam a necessidade do seu imediato cancelamento para “garantir a soberania do nosso povo sobre os recursos naturais estratégicos”.
Os dirigentes presentes no Instituto Salesiano Pio XIaplaudiram a nota “Não ao leilão de Libra”, aprovada unitariamente pelas centrais sindicais em reunião na última quarta-feira (11) na UGT. Conforme o documento, “não bastasse o conjunto de irregularidades que está contido nesse leilão – como, por exemplo, passar por cima dos fundamentos da lei de partilha (nº 12.351) aprovada pelo Congresso Nacional -, a espionagem da agência norte-americana NSA sobre a Petrobrás transformou o leilão em jogo de carta marcada, favorável às multinacionais”. “Isso é um verdadeiro atentado contra a soberania nacional, o desenvolvimento do Brasil e o futuro de nosso país”, sublinha o manifesto.
Com estimativa de 15 bilhões de barris de óleo de qualidade comprovada, o campo descoberto pela Petrobrás a partir de um investimento de R$ 200 milhões, está situado na Bacia de Santos, possui 1.458 quilômetros quadrados, em águas com profundidade entre 1,7 mil e 2,4 mil metros sob o nível do mar. Estudos apontam que a produção diária de Libra será de pelo menos um milhão de barris, o equivalente à metade do que o país extrai atualmente. Como este é um bem cada vez mais finito, a estimativa é que o valor do campo supere os R$ 2,5 trilhões.
Para o coordenador da FUP, João Moraes, “ao permitir que as multinacionais se apropriem do petróleo brasileiro, o governo coloca em risco não só a soberania, como o desenvolvimento do Brasil. Essas empresas, além de exportar tudo o que produzem, não geram empregos aqui, nem movimentam a indústria nacional, como faz a Petrobrás”.
Pelo próprio levantamento da ANP, atuam atualmente no setor dez empresas, oito estrangeiras e duas brasileiras – a Petrobrás, estatal, e a OGX, privada. “A única que alavanca o desenvolvimento nacional é a Petrobrás, que está construindo cinco novas refinarias, as demais só se interessam por importar, por gerar mais lucros para as suas matrizes. Esta é a realidade”, alerta Moraes.
Dados do Sindicato Nacional da Indústria e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) apontam que dos 62 navios encomendados à indústria de petróleo, 59 foram pela Petrobrás e 3 pela estatal venezuelana PDVSA. A iniciativa privada não encomendou um único navio.

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