terça-feira, 18 de maio de 2010

É preciso defender o PT

UM GRAVE ALERTA

O que se passou no Encontro Estadual do PT de Pernambuco, em 24 de abril, merece reflexão de todos os petistas. Por unanimidade foi aprovada uma moção condenando o duro ataque do governador Eduardo Campos (PSB), que reduz o salário dos trabalhadores na educação. A sessão da manhã encerrou-se e, segundo um delegado, “durante o almoço o clima era de alegria e confraternização, sob o impacto do resultado da votação.” Compreende-se, pois a adoção da moção colocava o PT do lado de que deve estar: das reivindicações dos trabalhadores, sem comprometer-se com a política do governo estadual de ataque aos servidores e serviços públicos. Mas, aos poucos, esse clima era minado, por ordens que contestavam a decisão.

No momento em que deveria ocorrer um ato político, veio o golpe. Abruptamente o Encontro foi reinstalado e a decisão foi revogada! A imprensa local registrou que o Encontro Estadual “transformou- se em mais um episódio de divergência interna entre os petistas. Dessa vez, com um ingrediente a mais: a interferência do Palácio das Princesas nos assuntos internos do PT” (Diário de Pernambuco). A razão da brutalidade contra a democracia? A “interferência direta do Palácio das Princesas” sede do governo do Estado.

O partido participa do governo de Eduardo Campos e apóia sua reeleição. Segundo a imprensa, Humberto Costa, que disputa o senado pelo PT na coligação, teria declarado que o fato “é uma questão de coerência. Se o PT é governo e quer fazer parte da coligação, não pode trazer a temática sindical para essa discussão.” Que “coerência” é essa que opõe o PT à luta dos servidores? Não é propriamente o contrário? A discussão no partido deveria, justamente, se preocupar com as reivindicações dos trabalhadores que lutam com seus sindicatos e que se identificam com o PT como um instrumento político para sua luta.

Por exemplo, o partido não deve estar ao lado do MST e dizer a Lula que atenda a pauta da Jornada pela Reforma Agrária, como a atualização dos índices de produtividade da terra, ao invés de comprometer- se com os ruralistas do PMDB que, desde o Ministério da Agricultura, sabota as reivindicações dos trabalhadores do campo?

Quando os trabalhadores se mobilizam, como a recente paralisação nacional dos médicos residentes, com reivindicações para poder melhor atender à população, não é ao lado deles que o PT deve estar?

O partido não deve estar lado dos trabalhadores, contra a privatização dos Correios, para que o presidente Lula não assine a Medida Provisória que transforma os Correios em Sociedade Anônima, e não aliado ao seu autor, o ex-ministro Hélio Costa (PMDB)?

A brutalidade do que aconteceu em Pernambuco é um grave alerta sobre o que representa para o PT a política de alianças. Esses pretensos aliados estão aí para tentar fazer o que o governador de Pernambuco fez: quebrar o PT e derrotar a luta da base social do partido.

É preciso defender o PT, para que os trabalhadores possam servir-se dele para exigir do governo Lula, e de um futuro governo de Dilma, que seja cumprida a responsabilidade de atender as reivindicações da maioria do povo do país.


fonte-JORNAL O TRABALHO

Nº 674 – 29 de abril a 13 de maio de 2010

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