quinta-feira, 9 de junho de 2011

Legalização das drogas? A quem interessa?

Na última sexta-feira (03), estreou o documentário “Quebrando o Tabu”, que trata da legalização das drogas. Nele o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso é o âncora que entrevista “especialistas” e “personalidades” como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton. O fato destes reconhecidos inimigos – entre outros - da juventude, dos trabalhadores e dos povos participarem desta campanha (no caso de FHC, este tem sido o principal combate que ele tem feito recentemente) deve servir como um aviso aos jovens de que a legalização se trata de uma grande armadilha. Esta não é a saída!
Ou alguém pode acreditar realmente que FHC - que como presidente do Brasil privatizou estatais, destruiu empregos, serviços públicos, precarizou a educação e saúde em nome do lucro e da pilhagem das grandes multinacionais - tenha subitamente virado um homem de “boa fé”, como ele mesmo se define? Alguém  honestamente preocupado com o povo?


Entrando no debate: somos contra a repressão!
Este é um debate que tem ganhado grande destaque nos últimos meses, inclusive com a organização em várias cidades da Marcha da Maconha. Em São Paulo, em 21 de maio, ao mesmo tempo em que na Plenária Nacional da JR discutíamos que a violência ligada ao tráfico tem destruído a vida de grande parcela da juventude (com o genocídio à juventude negra e da periferia em Alagoas, com assassinatos na porta de escolas em várias cidades pelo país), manifestantes levantavam a bandeira da legalização. Eles foram duramente reprimidos pela PM. Em outras cidades, como Salvador e Juiz de Fora, as manifestações foram proibidas.

A Juventude Revolução é contra a repressão! Mas discorda radicalmente daqueles que defendem a legalização, por entender que as drogas seguem como instrumento de destruição da juventude. Seu papel social é de desmobilização e alienação dos jovens.

Mas no que tange ao problema das drogas, é preciso destacar que a repressão contra as manifestações não é a única e nem a mais violenta, mesmo se ela é inaceitável. Todos os dias jovens nas periferias são assassinados, vítimas da ação de traficantes e da própria polícia! Mas onde está a saída para essa situação?
 
A “novidade”: A politica da guerra às drogas falhou...
É o próprio trailler de “Quebrando o Tabu” que demonstra que o principal argumento do filme é o fracasso da política estadunidense conhecida como War on Drugs (Guerra às Drogas). Foram precisos 40 anos para ver, segundo o próprio FHC, que essa política não serve! 40 anos! Quem pode acreditar nessa mentira deslavada?

Qualquer governante, ou pessoa séria, pode ver que a Guerra às Drogas, uma política que pretende fazer da ação policial e militar o principal foco de combate, era na verdade uma artifício sem fim para alimentar não só o trafico de narcóticos como também o de armas (e de lambuja arrumar uma desculpa para permanentemente realizar a limpeza étnica nas cidades). E não são necessários 40 anos, mas apenas 1 dia nas favelas do Rio de Janeiro, ou nas periferias de Alagoas, vendo a quantidade de jovens inocentes que morrem!
 

Um verdadeiro combate às drogas e seu males sociais só pode começar pelo investimento em educação, saúde, cultura, serviços públicos, geração de emprego. A guerra ao tráfico acontece onde o Estado não está presente. Onde não há escolas de qualidade, onde não há acesso a saúde, onde as pessoas não têm outra opção e acabam empurrados para o tráfico como única forma de sobrevivência!

Mas essa guerra “sem fim” tem um objetivo preciso: fazer o negócio render. O tráfico de drogas e o de armas movimentam juntos mais de 1 trilhão de dólares sujos.  No período da crise, por exemplo, os narcodólares foram injetados injetado no mercado “oficial” para salvar especuladores da falência, como explicou a própria ONU.

O falso debate: legalizar, regulamentar ou descriminalizar ajuda a diminuir o consumo e acabar com o tráfico?
 A política da legalização, onde tem sido implantada, também tem falhado exemplarmente naquilo em que se fundamenta: a pretensa tentativa de reduzir a violência do tráfico e o consumo. Na Holanda, o caso mais clássico, ao contrário do que pregam a maioria dos defensores dessa medida, o país não se viu livre do tráfico. Segundo dados da Folha de S. Paulo, a criminalidade tornou-se mais evidente e as lojas de maconha criaram vínculos com os traficantes.

É emblemática A experiência da Suíça, que legalizou o uso de drogas em um espaço circunscrito e ofereceu apoio médico. O consumo cresceu, o número de overdoses dobrou e a criminalidade em torno do local explodiu. A experiência foi encerrada. Em Portugal, onde apenas descriminalizaram, o consumo da maconha subiu 11%.

E não passa um dia sem que os defensores da legalização não apresentem o argumento de que a medida vai ajudar a acabar com o crime organizado. Mas se ele utiliza a droga, o faz fundamentalmente porque é um negócio rentável, graças ao alto consumo incentivado pelo sistema capitalista, e isso não acaba com o fim da proibição. Afinal, é preciso alienar a população, dopar a juventude, destruir a classe trabalhadora. Tudo para não ter que ceder os lucros e investir em criação de empregos, saúde e educação de qualidades, serviços públicos decentes!

E mesmo se há uma glamorização dos narcóticos em setores da classe-média e se há por parte da propaganda capitalista a tentativa de associar o uso de drogas a pura diversão e alto rendimento de produção cultural, a verdade constatada é que elas dopam. E fora da pequena burguesia, nas periferias, nos morros, entre a população pauperizada a droga está associada à falta de perspectivas de vida, à falta de emprego, à violência doméstica, à morte e aos assassinatos! Os trabalhadores não aspiram poder usar drogas, mas ao contrário, aspiram ver suas demandas serem atendidas para terem condições dignas de viver.

Por isso a posição de legalização lamentavelmente defendida por algumas organizações de jovens ou que pretendem falar em nome dos trabalhadores deve ser combatida. Ela nada tem a ver com conquistas para a classe operária e para a juventude.

Um outro falso debate: a maconha faz menos mal que o álcool, por isso é preciso legalizar a maconha.
A maconha faz menos mal que o álcool? Discutível. Muitos especialistas explicam que isso não é verdade. Voltaremos a este assunto num outro artigo. O que por ora nos interessa é o seguinte: o consumo de álcool, uma droga licita socialmente aceita, é altíssimo. Segundo dados do Ministério da Saúde, 18% da população brasileira consome álcool em excesso. Ele é causador de vários problemas de saúde. É um dos responsáveis pelo alto índice de acidentes de trânsito e causador de outros problemas sociais. Culturalmente incorporado aos hábitos da maioria da população, ninguém hoje fala em proibição.

Mas a partir disso dizer que se uma droga é liberada todas as outras, ou alguma outra (“que faz menos mal”), devem ser também, é não passar de um raciocínio tacanho, para não dizer irresponsável. Em diversos momentos da história o álcool foi utilizado como uma arma para desorganizar a classe trabalhadora. Durante os primeiros anos da Revolução Russa de 1917, chegou-se mesmo a proibir o consumo de álcool, retomado e amplamente difundido por Stálin, o qual buscava se erguer acima dos trabalhadores com seu aparelho burocrático para destruir as conquistas da revolução.

E como explicamos, onde foram liberadas a maconha, ou as drogas em geral, incluindo o álcool, o consumo aumentou. E não precisamos de mais gente consumindo drogas, da juventude mais dopada e alienada, dos trabalhadores ainda mais atacados, do crime crescendo.

A Juventude precisa é de emprego, cultura, diversão e arte!
Para combater a destruição causada pelas drogas, é preciso combater a principal causa que leva milhares a se dopar. É preciso garantir educação pública para todos. É preciso garantir que os jovens tenham acesso a verdadeiros empregos, com direitos e salários dignos. Que tenham acesso à cultura, ao esporte. Que aqueles do campo possam ter direito a construir sua vida através da reforma agrária. Ou seja, que todos tenham direito a um futuro digno!

Esta é a responsabilidade do governo Dilma hoje, que deve combater as drogas, e para isso atender as reivindicações. A Juventude Revolução, desde a campanha de Dilma, expressou essa posição e entregou um abaixo assinado com milhares de assinaturas exigindo um combate através do atendimento das reivindicações mais urgentes, como mais verbas para a educação, saúde, emprego, passe livre estudantil, reestatização daquilo que foi privatizado. Esse é o nosso combate! Chamamos a juventude a se organizar e se ligar a ele para juntos vermos nossas reivindicações atendidas.

Nem legalização nem repressão! A juventude não precisa de drogas! A Juventude precisa é de educação, emprego, diversão e arte!

fonte; juventude revolução-IRJ
texto de Priscilla Chandretti e Luã Cupolillo, militantes da JR-IRJ em Juiz de Fora (MG)

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