segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sobre aumento de Salarios! texto do padre Orivaldo Robles:

Do padre Orivaldo Robles:
“Se o povo soubesse como são feitas as leis e as salsichas!”. O dito atribui-se ao chanceler Otto Von Bismarck (1815-1898). O adendo “não dormiria tranquilo” não parece original. No século 19 era lastimável a higiene das fábricas de salsichas. Hoje as coisas devem ter mudado. Quanto às leis, “há controvérsias”, como diria Francisco Milani, o Pedro Pedreira, da Escolinha do Professor Raimundo. É só ver o comportamento dos nossos vereadores. Bem na surdina, para esconder do povo a tramoia, quinta-feira passada, apreciaram e aprovaram, a toque de caixa, projetos que viraram a Lei n° 9104 e a n° 9105. Que estabelecem, para o próximo exercício, os subsídios de vereadores e de altos funcionários do Executivo. Já estão em vigor, mas só vão surtir efeito a partir de 1° de janeiro de 2013. Por que, então, o açodamento? Quando uma lei em Maringá foi discutida, aprovada e sancionada em tão pouco tempo? Que dizer então do aumento da verba de gabinete? Não é muita folga gastar dinheiro do povo no pagamento de cabos eleitorais, que cuidam da reeleição do vereador? Vamos deixar de falácia: qual a real função dos chamados assessores?
Não venham dizer que há respaldo legal. Qualquer nenê de colo sabe da esperteza dos políticos. Muitas vezes criam leis para proveito de uns e detrimento de todos os outros. Como justificar eticamente o que fez a maioria dos nossos vereadores naquela sinistra quinta-feira? Não custa lembrar que a atual Constituição (05/10/1988), festejada como cidadã, tinha recebido, até dezembro passado, 67 emendas. Em 31 de março de 1994, antes de completar 4 anos, já apareceu a primeira. Sobre o quê? Um doce para quem adivinhar. Claro, sobre a remuneração de deputados estaduais e vereadores. Não é piada, não.
Quem faz as leis abocanha vencimentos que envergonham a Nação. De Brasília ao último município, políticos cuidam bem de seus interesses. O povo? Lembram Justo Veríssimo, personagem de Chico Anísio? “Que se exploda”. Alheia ao sofrimento dos súditos, Maria Antonieta, mulher de Luís 16, teria dito: “Se não têm pão, que comam brioches!” A maioria dos políticos aplaude esse humor negro. Vive fazendo o mesmo. Nós lhes confiamos o bem da comunidade e eles se riem de nós. Devem considerar-nos um bando de idiotas.
Mesmo sem traquejo nos meandros jurídicos, o homem do povo revela senso de justiça. Ele tem honra. Os nomes que aplica ao gesto dos vereadores comprovam a indignação popular. Vergonha, indignidade, acinte, desrespeito, abuso são os menos pesados, os publicáveis. Quantas pessoas, em todo o Município, alimentam a esperança de, um dia, embolsar um rendimento mensal de doze mil reais? Vereador existe para fiscalizar o Poder Executivo e legislar em favor dos munícipes. Alguns abnegados sofrem para honrar o mandato recebido, mas são sistematicamente derrotados nas votações. Mesmo que todos cumprissem o seu dever, o subsídio ora aprovado não significa afronta real aos eleitores? Chegamos ao ponto em que a cauda abana o cachorro. Pois o patrão, que batalha para sobreviver, precisa pagar uma fortuna aos empregados, que gozam a vida e zombam dele. É aceitável que um povo trabalhador – com dificuldade na saúde, educação, moradia, transporte, segurança e em tantas coisas mais – tenha que entregar seus suados caraminguás para garantir vencimentos de autênticos nababos a Suas Excelências? Que ainda se intitulam seus representantes?
Gente, está faltando óleo de peroba na praça.
Fonte Rigon Noticias.

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