Um velhinho do barulho
O padre Orivaldo Robles revela em seu artigo semanal: na inauguração do Auditório Papa João Paulo II, há uma semana, dom Jaime Luiz Coelho chegou ao recinto e deu de cara com um vereador, desses que votaram pelo aumento abusivo de R$ 12 mil. Ao cumprimentar o primeiro bispo da cidade, este, do alto de seus 95 anos, a maior parte deles de serviços prestados a Maringá, disse: “Quero distância de vocês. Que vergonha! Vocês só se preocupam com os próprios interesses. Não olham para as necessidades do povo”.
No artigo, padre Orivaldo fala da obra e da convicção geral de que as construções da Igreja se fazem com o palpite dos ricos e o dinheiro dos pobres. Leia na íntegra “Brio quase centenário”:
Sábado passado, reinaugurou-se o moderno Auditório Papa João Paulo 2°. Situa-se junto ao Seminário Nossa Senhora da Glória, na saída para Paranavaí, no fim da estradinha que desce ao lado da Via Verdi Fiat. O prédio fora inaugurado em 6 de julho de 1979. Após 31 anos de uso, houve necessidade de lhe dar um trato. Um ano de trabalho depois, remodelado e de cara nova, foi entregue como amplo espaço para eventos pastorais ou de natureza artístico-cultural. Compareceu o Coral Infantojuvenil Arquidiocesano de Maringá, que enriqueceu a cerimônia com seu refinado canto. O número pouco expressivo dos que responderam ao convite não diminui a importância da conquista para toda a comunidade maringaense.
Responsável pela condução dos trabalhos da reforma, Padre Bruno Elizeu Versari, em exposição detalhada até nos centavos, prestou conta do investimento financeiro. Os cerca de um milhão de reais despendidos na obra foram aportados integralmente pelos católicos de todas as paróquias da Arquidiocese. Agradeceu o esforço de todos, em especial dos mais humildes. Ele não disse, mas é convicção geral de que as construções da Igreja se fazem com o palpite dos ricos e o dinheiro dos pobres.
Antes de Dom Anuar Battisti proceder à bênção, foi dada a palavra a Dom Jaime Luiz Coelho para que historiasse o uso dado àquele terreno. Lembrou o primeiro Bispo de Maringá que, por ocasião de sua chegada, em 1957, a Companhia Melhoramentos fez doação à Diocese de um pedaço de mata, a fim de que ali fosse construído o Seminário. Com ofertas dos fiéis, a Mitra Diocesana adquiriu mais duas porções, totalizando os 8½ alqueires paulistas atuais.
Com a liberdade dos seus 95 anos de lucidez, dos 54 de serviço a Maringá (55 em março vindouro) e a franqueza de sempre, Dom Jaime se permitiu uma referência à atuação dos homens públicos destes bicudos tempos. Cobrou honestidade no emprego dos recursos da comunidade. Referiu-se à exposição de Padre Bruno como exemplo de democracia, pois que esclareceu aonde foram até centavos gastos na obra. Portar-se com dignidade e transparência na destinação dos bens públicos não é virtude. É apenas obrigação. Administrador não é dono. Não se admite que use em proveito próprio dinheiro que as pessoas, com sacrifício, entregam para o bem comum. Pena que nem todos assim pensem ou assim se comportem.
Enquanto discursava, não perdia de vista o representante oficial, um vereador da patota que votou o recente aumento abusivo de salários e subsídios do Executivo e do Legislativo locais. Em situação de visível desconforto, o homem exibia um sorrisinho constrangido. Devia estar agradecendo por se encontrarem poucas pessoas naquele Auditório. Quando o primeiro Arcebispo chegou ao recinto, o vereador já estava presente. Indo-lhe ao encontro para cumprimentá-lo, foi obrigado a ouvir algo deste teor: “Quero distância de vocês. Que vergonha! Vocês só se preocupam com os próprios interesses. Não olham para as necessidades do povo”.
Dom Jaime conquistou com sobras o direito de exigir ética pública ou comunitária. Sobrevivente entre ralos gigantes, que orgulham Maringá e o Paraná, continua um referencial. Não transige com a doblez. Ou se fecha com ele ou com ele se rompe. Padre Julinho costuma avisar: “Ainda vamos sentir saudade do nosso velhinho”.
Fonte rigon noticias
No artigo, padre Orivaldo fala da obra e da convicção geral de que as construções da Igreja se fazem com o palpite dos ricos e o dinheiro dos pobres. Leia na íntegra “Brio quase centenário”:
Sábado passado, reinaugurou-se o moderno Auditório Papa João Paulo 2°. Situa-se junto ao Seminário Nossa Senhora da Glória, na saída para Paranavaí, no fim da estradinha que desce ao lado da Via Verdi Fiat. O prédio fora inaugurado em 6 de julho de 1979. Após 31 anos de uso, houve necessidade de lhe dar um trato. Um ano de trabalho depois, remodelado e de cara nova, foi entregue como amplo espaço para eventos pastorais ou de natureza artístico-cultural. Compareceu o Coral Infantojuvenil Arquidiocesano de Maringá, que enriqueceu a cerimônia com seu refinado canto. O número pouco expressivo dos que responderam ao convite não diminui a importância da conquista para toda a comunidade maringaense.
Responsável pela condução dos trabalhos da reforma, Padre Bruno Elizeu Versari, em exposição detalhada até nos centavos, prestou conta do investimento financeiro. Os cerca de um milhão de reais despendidos na obra foram aportados integralmente pelos católicos de todas as paróquias da Arquidiocese. Agradeceu o esforço de todos, em especial dos mais humildes. Ele não disse, mas é convicção geral de que as construções da Igreja se fazem com o palpite dos ricos e o dinheiro dos pobres.
Antes de Dom Anuar Battisti proceder à bênção, foi dada a palavra a Dom Jaime Luiz Coelho para que historiasse o uso dado àquele terreno. Lembrou o primeiro Bispo de Maringá que, por ocasião de sua chegada, em 1957, a Companhia Melhoramentos fez doação à Diocese de um pedaço de mata, a fim de que ali fosse construído o Seminário. Com ofertas dos fiéis, a Mitra Diocesana adquiriu mais duas porções, totalizando os 8½ alqueires paulistas atuais.
Com a liberdade dos seus 95 anos de lucidez, dos 54 de serviço a Maringá (55 em março vindouro) e a franqueza de sempre, Dom Jaime se permitiu uma referência à atuação dos homens públicos destes bicudos tempos. Cobrou honestidade no emprego dos recursos da comunidade. Referiu-se à exposição de Padre Bruno como exemplo de democracia, pois que esclareceu aonde foram até centavos gastos na obra. Portar-se com dignidade e transparência na destinação dos bens públicos não é virtude. É apenas obrigação. Administrador não é dono. Não se admite que use em proveito próprio dinheiro que as pessoas, com sacrifício, entregam para o bem comum. Pena que nem todos assim pensem ou assim se comportem.
Enquanto discursava, não perdia de vista o representante oficial, um vereador da patota que votou o recente aumento abusivo de salários e subsídios do Executivo e do Legislativo locais. Em situação de visível desconforto, o homem exibia um sorrisinho constrangido. Devia estar agradecendo por se encontrarem poucas pessoas naquele Auditório. Quando o primeiro Arcebispo chegou ao recinto, o vereador já estava presente. Indo-lhe ao encontro para cumprimentá-lo, foi obrigado a ouvir algo deste teor: “Quero distância de vocês. Que vergonha! Vocês só se preocupam com os próprios interesses. Não olham para as necessidades do povo”.
Dom Jaime conquistou com sobras o direito de exigir ética pública ou comunitária. Sobrevivente entre ralos gigantes, que orgulham Maringá e o Paraná, continua um referencial. Não transige com a doblez. Ou se fecha com ele ou com ele se rompe. Padre Julinho costuma avisar: “Ainda vamos sentir saudade do nosso velhinho”.
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