segunda-feira, 13 de julho de 2015

As direções não estão à altura das necessidades históricas. Na Grécia, na Espanha, no Brasil...

“Quando dizemos que não, queremos dizer não.” Cartazes com esse lema povoavam na sexta-feira as coloridas ruas do bairro atenienseda Exarchia, reduto de movimentos sociais, esquerdistas e anarquistas, convocando uma manifestação contra a austeridade na próxima segunda-feira.
“As pessoas estão muito decepcionadas. São as mesmas medidas que havia antes do referendo”, afirma Panayiota, balconista num bar do bairro. É verdade que a proposta agora apresentada pelo Governo deAlexis Tsipras não chega a ser idêntica àquela que 61% dos gregos rejeitaram no plebiscito de domingo passado, mas ela se parece bastante com outra, que Bruxelas colocou sobre a mesa posteriormente, levando em conta as exigências gregas. E isso, para muitos atenienses que apoiam o Governo esquerdista do partido Syriza, representa um passo atrás.
“Não foi para isto que votamos não”, lamentava-se a bancária Anna. Em seu trabalho, conta, começavam a correr na sexta-feira boatos de que as instituições financeiras voltarão a abrir suas portas em breve, após quase duas semanas de corralito [restrição de saques], mas que os controles de capital continuarão em vigor por mais algum tempo, para evitar o pânico bancário. “Atualmente, o que os bancos mais temem é que haja reestruturações e fusões, porque o recesso bancário os deixou em más condições”, diz ela. Fontes dos bancos afirmaram à Reuters, entretanto, que os bancos continuarão fechados durante toda a semana que vem.
Depois de conhecer o novo pacote de reformas na noite de quinta para sexta-feira, milhares de internautas gregos criticaram duramente o Governo na rede social Twitter, fazendo da hashtag #ExplainNoToTsipras (“explique não a Tsipras”) o trending topic na Grécia.Ao lado de Anna, uma funcionária pública que não quis revelar seu nome contava que não se sente “nada representada” pelas novas medidas econômicas oferecidas aos credores pelo Governo de Tsipras, em quem ela votou nas eleições gerais de janeiro. “O problema é que eles não tinham um plano B para negociar. Mas deveríamos nos preparar e sair do euro, porque nazona do euro não há futuro para um país como o nosso. Sempre ficarão nos obrigando a assinar novos memorandos de austeridade.”
“Claro que não sei por que convocaram o referendo, se agora nos trazem medidas de austeridade iguais ou piores que aqueles que rejeitamos”, queixava-se Efi, funcionária de uma agência de viagens, enquanto fazia fila num caixa para sacar os 60 euros por dia (cerca de 210 reais) autorizados pelo corralito: “Está claro que o Governo queria sair fortalecido para a negociação, mas eu continuo não vendo sentido.” http://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/10/internacional/1436555408_107750.html

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