O ano de 2015 começa com uma importante greve operária na fábrica Anchieta da Volkswagen, no ABC Paulista. A greve é a resposta dos metalúrgicos às 800 demissões que a empresa está fazendo neste início de ano.
Com estas demissões a Volks está rompendo unilateralmente um acordo com o sindicato dos metalúrgicos, assinado em 2012 e com validade até 2016, que dá estabilidade no emprego para a categoria até o final deste prazo.
Em dezembro de 2014, os trabalhadores da empresa alemã no Brasil rejeitaram a proposta patronal de um reajuste salarial abaixo da inflação. Desde lá a ameaça demissões ronda a cabeça dos operários.
O interessante é que a Volks ganhou os tubos nos últimos anos e promoveu ainda intensa remessa de lucro para a sua matriz a custa de desoneração de impostos e empréstimos do BNDES. Sua margem de lucro no Brasil é fabulosa.
A volks quer impor no Brasil o layoff de 2 anos (hoje o que existe é de 5 meses, no máximo), como é na Alemanha. O layoff é o sistema de afastamento do empregado, com suspensão temporária do contrato de trabalho. Neste período o salário é reduzido e grande parte dele é pago com dinheiro público e do próprio trabalhador através do FAT (Fundo de Amparo ao trabalhador).  A grande margem de lucro das empresas sai ilesa. Ou seja, o preço da crise do sistema econômico mundial, gerado por um economia da especulação financeira e diminuição do consumo, é atirado nas costas dos trabalhadores.
A Presidente Dilma não pode permitir que as montadoras multinacionais apostem no desemprego industrial. Medidas como a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, que tramita no Congresso Nacional, pode ser um instrumento de garantia dos empregos e sua aprovação deve ser agilizada. Se este Congresso – por conta de sua maoria eleita com forte financiamento empresarial de campanha – não se dispõe a tomar medidas para assegurar os empregos, isso torna atual a luta pela constituinte para fazer a reforma do sistema político. Dar a palavra ao povo é a única maneira de se criar no país verdadeiras instituições democráticas capaz de representar os interesses sociais da maioria da população.
Nós apoiamos a greve dos metalúrgicos da Volks e somos solidários à luta destes operários pelo emprego, pela readmissão dos 800 demitidos.